quarta-feira, abril 25, 2007
sábado, março 17, 2007
Humor
Com o afastamento do quotidiano da intriga política, Medeiros Ferreira vai cultivando no Bicho Carpinteiro um humor açoriano feito de poucas palavras e intensidade de sentido. Leitura diária obrigatória.
domingo, março 11, 2007
Deputados ressentem-se
Durante todo o processo de imposição de um novo "estatuto" aos professores de Portugal, o silêncio dos responsáveis políticos do PS, nomeadamente dos deputados e dos deputados professores, foi ensurdecedor. Lá fomos ouvindo a "tanga" do rigor do ex-CDS, Valter "the tough boy" Lemos. No passado dia 2 de Março pudemos ver a arrogância e má educação do dito trauliteiro de serviço enquanto deputados da oposição diziam de sua justiça. Pudemos ouvir as vaias constantes duma loira deputada socialista, professora que foi e felizmente que já não é porque nas nossas escolas não queremos réplicas da lota de Matosinhos ou de qualquer um mercado do peixe. Para a bancada do PS, em plenário, tudo está bem e a ministra é pouco menos que uma das pastorinhas de Fátima. E agora, espanto dos espantos, há quem não esteja contente... O Valter bateu-lhes à porta e já não gostam.
Não se trata propriamente do ECD, trata-se mais precisamente da regulamentação do acesso à categoria de professores titulares.
Veremos nos próximos episódios de que é feita a coluna vertebral do notório Valter e por que elevados princípios éticos se movem aqueles dentre os nossos representantes que, por acaso, em tempos idos já foram professores...
Veremos se, como dizia Orwell, "Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros."
Em seguida, outros socialistas criticaram o Estatuto da Carreira Docente.
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Sim, porque não
[Manuel Rocha Carneiro, O Ilhavense, 01-02-2007]
Votarei sim porque não aceito que no desespero e na solidão uma jovem futura mãe tenha que tomar decisões de vida ou de morte sem o apoio de quem lhe possa apontar alternativas. Alternativas que são dever de um Estado nascido da esperança dos cravos e do sonho.
Vamos todos ser chamados ao elevado momento cívico e democrático de uma votação em referendo. Trata-se de decidir acerca da despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez. Vão, a pouco e pouco, sendo alinhados argumentos, vão sendo contadas as espingardas e, por convicção ou por conveniência, todos os habituais protagonistas da nossa política se vão associando a um campo ou a outro. Uns pelo sim, outros pelo não, outros pelo sim pelo não.
Por um lado teremos um mês em que o nosso minguante poder de compra e qualidade de vida deixarão de ser o tema principal, por outro será o mês em que pelo templo da nossa democracia os habituais pregoeiros do tudo que é quase nada se farão ouvir.
Votarei sim porque não aceito que nesta “ditosa pátria minha amada” se perpetue a prática do aborto clandestino em condições que nos fazem recuar à Idade Média, quando ferreiros e barbeiros praticavam uma cirurgia baseada em sangueira farta e morte frequente.
Votarei sim porque não aceito que, em pleno século XXI, tantas adolescentes portuguesas sejam atiradas para as malhas da ilegalidade e do lado sombrio da vida, sem um gesto de ajuda, sem um apoio, em solidão e recriminação.
Votarei sim porque não aceitarei que, ultrapassada que seja esta questão tão elementar para a nossa dignidade de cidadãos, e também aqui somos remetidos para a cauda dos países civilizados, se continue a manter uma atitude medíocre e atrasada no que concerne a educação sexual e reprodutiva dos nossos jovens. As nossas jovens continuam a registar das taxas de gravidez adolescente mais altas da Europa.
Votarei sim porque não aceitarei outra solução que não seja a de acolher todas as grávidas, a quem o problema se põe, sob a égide do nosso Serviço Nacional de Saúde, numa atitude de co-responsabilidade nacional pelas questões da saúde reprodutiva.
Votarei sim porque não aceito que trinta anos depois de Abril ainda haja mulheres portuguesas remetidas para a solidão e o sofrimento, enchendo os bolsos daqueles que medram na clandestinidade.
Votarei sim porque não aceito que no desespero e na solidão uma jovem futura mãe tenha que tomar decisões de vida ou de morte sem o apoio de quem lhe possa apontar alternativas. Alternativas que são dever de um Estado nascido da esperança dos cravos e do sonho.
Votarei sim porque não quero o país cinzento e triste em que recorrentemente nos achamos, feito de lágrimas e sal e da nostalgia do que nunca foi.
Votarei sim porque não aceitarei que continuem lentos os processos de adopção, que mais não sejam que intenções as políticas activas de apoio às famílias e que não seja afirmada a garantia de que as crianças não são propriedade dos pais, mas sim o futuro deste nosso jardim à beira-mar plantado.
Votarei sim porque não aceito que no desespero e na solidão uma jovem futura mãe tenha que tomar decisões de vida ou de morte sem o apoio de quem lhe possa apontar alternativas. Alternativas que são dever de um Estado nascido da esperança dos cravos e do sonho.
Vamos todos ser chamados ao elevado momento cívico e democrático de uma votação em referendo. Trata-se de decidir acerca da despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez. Vão, a pouco e pouco, sendo alinhados argumentos, vão sendo contadas as espingardas e, por convicção ou por conveniência, todos os habituais protagonistas da nossa política se vão associando a um campo ou a outro. Uns pelo sim, outros pelo não, outros pelo sim pelo não.
Por um lado teremos um mês em que o nosso minguante poder de compra e qualidade de vida deixarão de ser o tema principal, por outro será o mês em que pelo templo da nossa democracia os habituais pregoeiros do tudo que é quase nada se farão ouvir.
Votarei sim porque não aceito que nesta “ditosa pátria minha amada” se perpetue a prática do aborto clandestino em condições que nos fazem recuar à Idade Média, quando ferreiros e barbeiros praticavam uma cirurgia baseada em sangueira farta e morte frequente.
Votarei sim porque não aceito que, em pleno século XXI, tantas adolescentes portuguesas sejam atiradas para as malhas da ilegalidade e do lado sombrio da vida, sem um gesto de ajuda, sem um apoio, em solidão e recriminação.
Votarei sim porque não aceitarei que, ultrapassada que seja esta questão tão elementar para a nossa dignidade de cidadãos, e também aqui somos remetidos para a cauda dos países civilizados, se continue a manter uma atitude medíocre e atrasada no que concerne a educação sexual e reprodutiva dos nossos jovens. As nossas jovens continuam a registar das taxas de gravidez adolescente mais altas da Europa.
Votarei sim porque não aceitarei outra solução que não seja a de acolher todas as grávidas, a quem o problema se põe, sob a égide do nosso Serviço Nacional de Saúde, numa atitude de co-responsabilidade nacional pelas questões da saúde reprodutiva.
Votarei sim porque não aceito que trinta anos depois de Abril ainda haja mulheres portuguesas remetidas para a solidão e o sofrimento, enchendo os bolsos daqueles que medram na clandestinidade.
Votarei sim porque não aceito que no desespero e na solidão uma jovem futura mãe tenha que tomar decisões de vida ou de morte sem o apoio de quem lhe possa apontar alternativas. Alternativas que são dever de um Estado nascido da esperança dos cravos e do sonho.
Votarei sim porque não quero o país cinzento e triste em que recorrentemente nos achamos, feito de lágrimas e sal e da nostalgia do que nunca foi.
Votarei sim porque não aceitarei que continuem lentos os processos de adopção, que mais não sejam que intenções as políticas activas de apoio às famílias e que não seja afirmada a garantia de que as crianças não são propriedade dos pais, mas sim o futuro deste nosso jardim à beira-mar plantado.
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