Como se vem constatando, não há quaisquer direitos adquiridos. É assim hoje como sempre foi no passado. Só temos os direitos de que não nos deixamos espoliar. A história ensina-nos que sempre assim foi. O que é estranho é que o comum dos mortais não queira aceitar pacificamente esta evidência. As revoluções já lá vão, quem não está bem muda-se e, como sonho para o futuro, a rapaziada da política promete-nos o passado. Acabou o tempo das certezas, que cada um agarre o bocado maior a que possa deitar a mão.
Os já aposentados, supostamente com os direitos adquiridos, vão ver as suas pensões sofrer uma drástica redução com a alteração das regras do IRS, da comparticipação de medicamentos, da inflação e dos filhos desempregados até aos quarenta anos.
Os quase com o direito de aposentação terão alguém a dizer ?desculpe lá o mau jeito, mas já não há nada para ninguém?. Provavelmente o ?desculpe? até ficará de fora.
Os funcionários públicos do futuro, com contratos individuais, é melhor que percebam bem a voz do dono e deixem de dar pareceres negativos a cortes de árvores. Se fossem mais sensíveis às necessidades do poder real até havia menos fogos florestais. Ardiam menos sobreiros, pelo menos.
Vivemos num estado sem palavra. Um aperto de mão já não basta. Mas a crua realidade é que, se tudo se pode desdizer dum momento para o outro, então não pode haver direitos adquiridos. O direito é um compromisso entre gente de bem e, uma vez perdida a confiança, tudo pode ser posto em causa. Se os meus direitos não são reconhecidos e respeitados que obrigação tenho eu de contribuir para aqueles que, com menor contributo para a causa comum, se vão passear enquanto eu trabalho para lhes pagar a reforma?
Aí ponha-se tudo em causa. Recuso-me a pagar para a reforma dos senhores Bagões, dos senhores Cunhas e dos outros todos que, com o sorriso alarve, bem chico-esperto e português, dirão: Eu já cá tenho o meu, os outros que chupem no dedo...
E quem nos garante que na véspera dos nossos sessenta e cinco anos, havendo mais uns estádios para pagar, não nos dirão para termos paciência porque afinal só pode ser aos setenta?
É essa a dúvida razoável que cada português de meia idade pode ter. Mas se é também verdade que se sai mais da caixa do que aquilo que entra rapamos o fundo bem depressa, qual é a solução? A meu ver só existe uma solução que passa por não tratarmos todos os portugueses com paternalismo serôdio que não fica bem no novíssimo século vinte e um. Há não muitos anos alguém dizia que diálogo sem decisão era sinal de impotência, permito-me afirmar que decisão sem diálogo é sinal de prepotência. Nada pior para a economia que avançarmos sem um sentido, sem um propósito, encolhendo a alma e a esperança, sem saber para onde vamos e quais são as regras do jogo.
É que não é um jogo qualquer.
Os já aposentados, supostamente com os direitos adquiridos, vão ver as suas pensões sofrer uma drástica redução com a alteração das regras do IRS, da comparticipação de medicamentos, da inflação e dos filhos desempregados até aos quarenta anos.
Os quase com o direito de aposentação terão alguém a dizer ?desculpe lá o mau jeito, mas já não há nada para ninguém?. Provavelmente o ?desculpe? até ficará de fora.
Os funcionários públicos do futuro, com contratos individuais, é melhor que percebam bem a voz do dono e deixem de dar pareceres negativos a cortes de árvores. Se fossem mais sensíveis às necessidades do poder real até havia menos fogos florestais. Ardiam menos sobreiros, pelo menos.
Vivemos num estado sem palavra. Um aperto de mão já não basta. Mas a crua realidade é que, se tudo se pode desdizer dum momento para o outro, então não pode haver direitos adquiridos. O direito é um compromisso entre gente de bem e, uma vez perdida a confiança, tudo pode ser posto em causa. Se os meus direitos não são reconhecidos e respeitados que obrigação tenho eu de contribuir para aqueles que, com menor contributo para a causa comum, se vão passear enquanto eu trabalho para lhes pagar a reforma?
Aí ponha-se tudo em causa. Recuso-me a pagar para a reforma dos senhores Bagões, dos senhores Cunhas e dos outros todos que, com o sorriso alarve, bem chico-esperto e português, dirão: Eu já cá tenho o meu, os outros que chupem no dedo...
E quem nos garante que na véspera dos nossos sessenta e cinco anos, havendo mais uns estádios para pagar, não nos dirão para termos paciência porque afinal só pode ser aos setenta?
É essa a dúvida razoável que cada português de meia idade pode ter. Mas se é também verdade que se sai mais da caixa do que aquilo que entra rapamos o fundo bem depressa, qual é a solução? A meu ver só existe uma solução que passa por não tratarmos todos os portugueses com paternalismo serôdio que não fica bem no novíssimo século vinte e um. Há não muitos anos alguém dizia que diálogo sem decisão era sinal de impotência, permito-me afirmar que decisão sem diálogo é sinal de prepotência. Nada pior para a economia que avançarmos sem um sentido, sem um propósito, encolhendo a alma e a esperança, sem saber para onde vamos e quais são as regras do jogo.
É que não é um jogo qualquer.
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